Igreja Universal vende empresa de táxi aéreo
Jatinhos eram utilizados para transporte de bispos e alugados a empresários
OPINIÃO ANDRÉ DE MORAES:
Quantas vezes os membros não ouvem que os bispos não tem nada, que não podem ter nada em seu nome e que o canalha do Edir Macedo vive apenas da renda de seus livros? milhões de vezes!
Pois é, mas a verdade sempre vem a tona!
os poucos, a Igreja Universal do Reino de Deus vai se desfazendo de
todos os seus negócios paralelos. O objetivo seria se concentrar apenas
nas atividades religiosas.
Em 2013 fechou a Line Records, sua gravadora gospel. Agora foi a vez
de vender sua empresa de táxi aéreo, a Alliance Jet. Em 2007, a empresa
aérea faturava cerca de R$ 500 mil por mês. Ela possuía três jatinhos, que eram usados pelos bispos da igreja e também alugados a empresários.Os valores da venda não foram divulgados, nem quem são os novos proprietários. Oficialmente, a empresa que pertence ao bispo Edir Macedo fazia parte de uma investigação movida pelo Ministério Público de São Paulo na década de 1990 sobre “lavagem de dinheiro”. Como nada foi provado, a empresa pode ser negociada sem restrições.
No final de 2014, a imprensa divulgou que a TV Record passava por uma crise financeira, e a Igreja Universal precisou aumentar o repasse R$ 500 milhões para R$ 520 milhões por ano. A igreja não se pronunciou sobre a venda da Alliance jet, nem se teria relação com as dificuldades da emissora.
Em pelo menos duas ocasiões os aviões da Universal foram envolvidos em apreensões. A Receita Federal apreendeu em 2005, o ex-deputado federal João Batista Ramos da Silva com sete malas de dinheiro, com aproximadamente R$ 10 milhões, também em um jato Citation X. Dois anos depois, um Cessna 750 também foi apreendido pela Receita por irregularidades nos documentos.
SERÁ QUE EDIR MACEDO USAVA OS JATOS PARA A OBRA DE DEUS?
Dinheiro a jato. Flagrantes
em dois aeroportos revelam que o dinheiro da Igreja Universal viaja pelo
céu nas bagagens de parlamentares!
Na temporada de caça às
malas suspeitas, duas ações da Polícia Federal pegaram parlamentares
pertencentes ao alto escalão da Igreja Universal do Reino de Deus usando
jatinhos para transportar pacotes de dinheiro. Na primeira, o próprio presidente
da Universal, bispo João Batista Ramos da Silva, deputado federal pelo
PFL, foi flagrado em Brasília com 10,2 milhões de reais divididos
em sete malas. Na outra, o deputado estadual mineiro George Hilton dos Santos
Cecílio (PFL) e o vereador de Belo Horizonte Carlos Henrique da Silva (PL),
ambos pastores da igreja, acabaram liberados no Aeroporto da Pampulha depois de
explicar que onze caixas de papelão contendo – segundo eles –
600 000 reais eram doações de fiéis do sul de Minas Gerais.
Se bastaram dois flagrantes, quase simultâneos, para descobrir essas quantias
expressivas, qual será o montante que a igreja movimenta mensalmente no
país? O valor preciso só pode ser revelado pelo bispo Edir Macedo
Bezerra, criador e presidente mundial da Universal, que há alguns anos
foi gravado em vídeo numa reunião em que celebrava a generosidade
dos fiéis atirando cédulas para o alto. Os casos da semana passada
dão uma idéia, no entanto, de como é vigoroso e lucrativo
o empreendimento religioso que Macedo administra há 28 anos.
Ted Soqui![]() |
PATRIMÔNIO INVEJÁVEL O bispo Edir Macedo construiu em 28 anos, com a Universal e coligadas, um dos grupos econômicos mais vigorosos do país |
A começar por uma frota de pelo menos sete aeronaves que não se sabe precisamente quanto é utilizada para transportar dinheiro, a Igreja Universal tem um patrimônio e um faturamento de causar inveja aos mais bem-sucedidos empresários do mundo. O maior desses negócios é a Rede Record de Televisão, comprada por 45 milhões de dólares há quinze anos e hoje avaliada em quarenta vezes mais. O grupo possui também editoras, jornais, emissoras de rádio e uma financeira, entre outros negócios, além de 5 000 templos próprios, em oitenta países (veja quadros). Mais de 15 000 pastores e 100 000 auxiliares, chamados obreiros, cuidam da administração desse parque produtivo e, principalmente, da arrecadação de contribuições financeiras de 2,5 milhões de fiéis. A receita anual do grupo Macedo é estimada em 3 bilhões de reais, dinheiro suficiente para colocar o conglomerado entre as oitenta maiores empresas do Brasil e seu proprietário nas revistas que listam as maiores fortunas do mundo.
Macedo tem uma biografia comparável à de grandes magnatas que ergueram
impérios começando do zero. No seu caso, mais precisamente, a história
começa nas dependências de uma modesta funerária, num subúrbio
carioca, onde instalou o primeiro salão de sua igreja. Hoje, os templos
da Universal – catedrais da fé, como são chamados – são
construídos como palácios de mármore e granito. O de Belo
Horizonte, inaugurado há um ano e orçado em 50 milhões de
reais, tem 28 000 metros quadrados, lugares para 5 000 fiéis, 255 vagas
no estacionamento para carros e ônibus, heliponto, hotel para bispos e pastores,
berçário e lojas. Modelos parecidos funcionam ou estão sendo
erguidos em todas as grandes cidades do país e em algumas do exterior.
Como shoppings, são guardados por seguranças que evitam a entrada
de mendigos ou gente muito malvestida.
A vida de Macedo naturalmente mudou muito com o crescimento dos negócios.
De uma temporada de onze dias na cadeia, em 1992, acusado de charlatanismo, estelionato,
evasão de divisas, contrabando e curandeirismo, o ex-funcionário
da Loteria do Estado do Rio de Janeiro evoluiu para uma rotina que mistura as
atividades de um alto executivo globalizado às atribulações
de astro mundial. Sua base fica na cidade americana de Atlanta, terra da CNN,
da Coca-Cola e de um canal de TV dirigido à comunidade hispânica,
recém-adquirido pela Universal. No púlpito da igreja local, o bispo
ensaia as pregações que repete mundo afora em eventos que chegam
a reunir mais de 10 000 fiéis. Seus deslocamentos ocorrem a bordo de um
jato Global Express para oito passageiros e com autonomia de vôo de 12 000
quilômetros (São Paulo a Moscou sem escalas, por exemplo), avaliado
em 50 milhões de dólares. No Brasil, usa também um Cessna
Citation X, o mesmo que carregava as malas do bispo João Batista na semana
passada.
Não há nenhuma
coincidência no fato de os dois flagrantes aéreos do dinheiro da
Universal envolverem parlamentares. A representação política
é um dos aspectos de que o bispo cuida com mais carinho. A bancada ligada
à sua igreja, que se move de um partido para outro conforme as conveniências
dos empreendimentos de Macedo, conta com dezessete integrantes no Congresso Nacional
e age geralmente de comum acordo com outros 46 parlamentares evangélicos.
A Universal tem ainda algumas dezenas de deputados estaduais e centenas de vereadores
espalhados pelo país. O grande expoente é o bispo senador do PL
Marcelo Crivella, sobrinho de Macedo, virtual candidato ao governo do Rio de Janeiro
e figurante num processo que investiga seu possível envolvimento com duas
empresas instaladas em paraísos fiscais. O PFL decidiu expulsar seus dois
integrantes envolvidos nos casos das malas. Antes que alguém ligasse esses
pacotes de dinheiro aos que transitam pelo caixa do PT, Crivella foi à
tribuna defender o patrimônio da Universal. "Esse dinheiro é fruto
de doações de fiéis. Tem origem e destino, coisa que muitos
na política não têm", discursou o senador, para tranqüilizar
operários, empregadas domésticas, desempregados e aposentados que
sacrificam um pedaço de suas economias para ajudar a construir a obra do
bispo Macedo. Para justificar o destino da dinheirama, Crivella afirmou que a
Igreja Universal paga mensalmente 12 milhões de reais em aluguéis
e 6 milhões de reais em salários. Ou seja: 216 milhões de
reais por ano.
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